Grande Rio: Carnavalesco lança livro sobre Rosa Magalhães
O Carnaval Carioca (04/07/2019)   
   

A poética artística de umas mais vitoriosas carnavalescas da folia carioca virou tema de livro. De autoria do carnavalesco Leonardo Bora, que divide com Gabriel Haddad a responsabilidade pelo desfile da Acadêmicos do Grande Rio em 2020, a obra "A Antropofagia de Rosa Magalhães", lançada pelo Selo Carnavalize, investiga a ideia de brasilidade e antropofagia por meio de diversos estilos artísticos em onze carnavais da artista à frente da Imperatriz Leopoldinense. O lançamento acontece amanhã, a partir das 16h, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, que fica na Praça Tiradentes.

Segundo Bora, trata-se de uma adaptação do texto da dissertação de Mestrado em Teoria Literária defendida na Faculdade de Letras da UFRJ, em 2014, como explica:

- O centro dessa pesquisa é o enredo de 2002, "Goitacazes... Tupi or not Tupi, in a South American Way!", que levou para a Passarela do Samba as múltiplas vertentes do conceito de antropofagia cultural. Naquele ano, a carnavalesca Rosa Magalhães traduziu, em fantasias e carros alegóricos, uma série de fragmentos literários, dos diários dos cronistas estrangeiros às letras tropicalistas, passando em revista a prosa de O Guarani, de José de Alencar, e o Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. As obras de Tarsila do Amaral e as diferentes facetas de Carmen Miranda também foram abordadas, bem como a montagem de O Rei da Vela dirigida por José Celso Martinez Corrêa. A partir desse enredo tão amplo, famoso devido às polêmicas envolvendo o patrocínio da cidade de Campos, eu expando a leitura e analiso temas recorrentes nas dez narrativas de enredo anteriores, conjunto iniciado com o enredo de 1992, primeiro ano em que Rosa esteve à frente da Imperatriz Leopoldinense.

Ainda segundo o autor, que é professor da Escola de Belas Artes e dá continuidade às pesquisas sobre Rosa Magalhães no Programa de Pós-Doutorado em Cultura Contemporânea da UFRJ, o livro investiga conceitos como "identidade nacional" e "brasilidade", bem como questiona as leituras que a artista faz de símbolos como a onça-pintada e a própria figura do índio enquanto personagem de desfiles carnavalescos.

- Nesse conjunto de onze enredos, a figura do indígena brasileiro ganha destaque em oito. Trata-se de uma recorrência temática que muito revela do sistema simbólico da artista e da memória da escola em que ela estava trabalhando, a Imperatriz Leopoldinense. Os desdobramentos desses símbolos, as polêmicas que envolvem isso e as particularidades do processo criativo de Rosa, tudo está presente no livro, um grande caldeirão fervente -  disse ela.

Na ocasião do lançamento, será realizado um cine-debate com a presença de Rosa Magalhães e de demais agentes que participaram do processo de confecção do desfile de 2002, como Mauro Leite, assistente e figurinista da carnavalesca há mais de 30 anos, Penha Lima, projetista e cenógrafa responsável pelo desfile naquele ano e Samile Cunha, que desfilou e ajudou a confeccionar fantasias do referido desfile. A mediação será de Fred Góes. Durante a sessão de autógrafos, também será possível adquirir os últimos livros de autoria de Rosa Magalhães.

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