Salgueiro: Enredo sobre o primeiro palhaço negro do Brasil
O Carnaval Carioca (06/05/2019)   
                                                                           

Como já era de conhecimento de quem acompanhou as dicas da escola através das suas redes sociais, o Salgueiro vai levar para Avenida a história de Benjamin de Oliveira, considerado o primeiro palhaço negro do Brasil. A festa de lançamento do enredo "O Rei Negro do Picadeiro" aconteceu na noite de ontem, na quadra da escola.

A nova diretoria vermelha e branca preparou uma grandiosa produção para anunciar seu novo tema, com direito a picadeiro circense, palhaços, mágicos e malabaristas recepcionando os convidados. Barraquinhas de pipoca, crepes, algodão doce e outras guloseimas também ajudaram a entrar no clima da proposta do próximo desfile. Um show de circo deu início à apresentação, acompanhado das vozes dos intérpretes Quinho e Emerson Dias, além do som da bateria Furiosa. Em seguida, foi exibido um caprichado vídeo explicando o enredo.

Nascido em 1870, na cidade mineira de Pará de Minas, Benjamin era filho de mãe escrava e pai capataz, fugiu de casa aos 12 anos com um circo que passava na sua região. Dentre outras aventuras, ele também foi parar em um grupo de ciganos, fugiu de novo, batalhou muito, superou preconceitos, foi ator, cantor, compositor, palhaço e criador do primeiro circo-teatro. O artista homenageado completaria 150 anos em 2020, quando será relembrado na Sapucaí.

Um dos seus maiores fãs, era o presidente da República Marechal Floriano Peixoto. Com sua ajuda, o circo em que trabalhava foi transferido de uma favela para a frente do Palácio do Itamaraty, na Praça da República, no Rio.

No final do desfile, o carnavalesco Alex de Souza também lembrará de comediantes negros contemporâneos, como Grande Otelo, Mussum, Jorge Lafond, Marina Miranda, Cacau Protásio, Hélio de la Peña, Lázaro Ramos, Sérgio Loroza, entre outros. Na festa de ontem, estavam presentes as atrizes Ruth de Souza (que foi enredo da Santa Cruz neste ano) e Isabel Fillardis.

- Quero manter a tradição de enredos com temática negra no Salgueiro. São 150 anos de um grande artista, muito pouco conhecido, mas merece todas as nossas palmas. E o enredo se estende a todos que o seguiram. Este enredo é para o Benjamin e para toda a classe artística negra, que luta por representatividade, protagonismo. O enredo é uma reposta àqueles que querem acabar com a educação, com a arte e cultura do Brasil! Viva o Salgueiro, viva o Carnaval! Sorrir é resistir! - declarou Alex de Souza, que promete uma estética requintada, mas também mais leve e colorida.

O palhaço negro já foi tema da São Clemente em 2009, quando a escola ainda estava no Grupo de A; e também da paulistana Unidos do Peruche, em 1986.

A sinopse da Academia do Samba será entregue na noite de hoje aos compositores, com direito a um jantar para a comunidade.


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